quinta-feira, 14 de abril de 2011

A grande depressão

A pergunta é simples: como é que se vive com uma reforma de 200€ congelada?

Vive-se muito mal e vive-se sem esperança, afirma Raquel Freire.

O depoimento chocante e comovente que a seguir transcrevo parcialmente, reflecte a situação de centenas de concidadãos.

Eu recebi, esta semana, muitos emails e recebi um email de uma senhora de 74 anos, uma mulher que vive sozinha. Ela dizia, sobretudo, que aguentava, que tinha aguentado sempre, que já tinha passado por muitas coisas na vida e que tinha trabalhado a vida toda mas que estava a pensar suicidar-se agora pois não percebia o que se passava nem consegui acreditar mais naquilo que passava na televisão e que se sentia muito injustiçada e sem esperança. E isso angustiou-me muito. Ela perguntava-me: o que é que se está a passar no mundo? Eu deixei de perceber o que é que se está a passar. [...] [Perguntava] Porque é que esta crise existia e porque é que quem a causou não é quem a está a pagar?

A duvida é legitima. Quem viveu acima das suas possibilidades? Quem fez um crédito para comprar uma máquina de lavar roupa ou quem, sentado em frente ao seu computador topo de gama, fumando um charuto cubano e bebendo um whiskey, clicava nuns botões com a inscrição "sell" e "buy", enquanto adicionava números com muitos zeros, correspondentes ao dinheiro de todos nós?


Compreendo o sentimento de impotência desta mulher depois de ouvir, diariamente, os profetas da inevitabilidade. São eles a voz de um sistema empenhado em perpetuar estas situações de estagnação (ou morte) social, através da atribuição de mediatismo aos criminosos responsáveis pela crise que, ad nauseum, impingem uma visão deturpada da realidade, como forma de manter o roubo instituído, o capitalismo de selvajaria e a subjugação do povo ao dinheiro.

Cabe-nos a todos difundir a existência de alternativas exequíveis e explicar a importância do voto. Além disso, urge instigar o povo à participação activa na sociedade: tomar as ruas, agir directamente, reaver o que é nosso. Já.


(Em estéreo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário